segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vida de cachorro

Sempre me impressiono com os cachorros berlinenses. Como os cidadãos, eles têm dignidade. Dignidade exigida dos donos pelo poder público. Os donos podem levá-los dentro do metrô e por isso pagam um tanto mais na passagem. O Dom Juan, um cahorro que eu conheço, tem até chip implantado no pescoço. Atitude de prevenção do dono, não é coisa obrigatória, mas se eles se perderem, uma empresa especializada trata de encontrar o canino. Há uma série de obrigatoriedades que fazem seus donos gastarem uma boa grana pra manter o animal. Nunca me deparei na rua com cachorro perdido, ou dos tipos sem dono que existem no Brasil, sustentados pela gente do bairro, por exemplo. Tem lugar pra eles nas entradas dos supermercados e são aceitos dentro de muitos restaurantes. Um outro cachorro que eu conheço, o Back, sempre é servido com pão ou então com um hamburger cru: já até presenciei ele ganhando carinho de um garçom. Vi em alguns restaurantes a cumbuquinha de água ao lado da entrada, estrategicamente posicionada. No verão, os parques ficam cheios de cães com seus donos, que se flertam depois que seus bichinhos se cheiram...!


Assim, os cachorros podem ser motivo de aproximação humana nas sociedades ocidentais. Sem querer dividir o mundo assim, mas os muçulmanos não têm cachorros. É regra religiosa, não sei. Eu presenciei uma cena inusitada um dia, aqui na esquina de casa, na praça da Rathaus Neukölln: cão sapeca e brincalhão, foi cheirar os pés das meninas de véu na cabeça, que acompanhavam a mãe e vinham na direção oposta. Mesmo na coleira, ele se afastou do dono: a mãe susurrou uma recusa em voz alta e fez cara de nojo. Se foi uma cena de preconceito ou de medo, eu não sei. Mas foi inusitada.
A moça que pede dinheiro na saída do banco da Karlstadt tem um amigo canino. Os punks que bebem durante o dia na esquina aqui perto, têm sempre um ou mais cachorros como companhia. Não possuem um chip igual do Dom Juan, mas certamente foram vacinados quando filhotes.
No mais, as lojas de Petshop nem são muitas, mas em todos os supermercados tem seção dos bichinhos, incluindo coelhos, passarinhos, além dos gatos e cachorros.

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