quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Xuxa alemã e o fenômeno da internet em 2009

Eu chamo sarcasticamente o Thomas Gottschalk de Xuxa alemã. Ele é apresentador de televisão e aparece na mídia exaustivamente. Faz propaganda do Haribo, uma balinha antiga, originária daqui, mas com fábricas que se expandiram para outros países. Em cores e formatos diversos, é tipo um gummy que atrai as crianças. Os comerciais são cheios de efeitos fantasiosos, onde o tal Thomas aparece sorridente e feliz. Como a nossa Xuxa,  faz o tipo bom moço, doa quantias milionárias para a caridade - e faz questão de tornar isso público. Ele também atua em filmes, não necessariamente infantis. Natural da Baviera, comprou um castelo por lá mas tem casa nos EUA, assim como a nossa rainha dos baixinhos. Também é louro e deslumbrado, mas, como a Xuxa, é um bom profissional de televisão. Ele apresenta um programa de variedades aos sábados, que tem um conteúdo super família, com muito intretenimento e música, recebe atores, jornalistas e cantores pra um bate papo no sofá. Agora pensei que talvez ele esteja mais pra Hebe do que pra Xuxa. Enfim, isso não é  importante. Mas a grande diferença é que ele é contratado por um canal público de televisão, o que não é o caso nem da Hebe sequer da Xuxa.
Há alguns sábados atrás Gottschalk recebeu a Susan Boyle em seu programa. A dona-de-casa britânica, conforme se refereriu o jornal Berliner Zeitung, cantou em clima de gala. Foi interessante observar o alcance da notícia. Eu vi primeiro a TV do metrô noticiando a gravação do programa. Na véspera o jornal publicou a foto abaixo com uma pequena matéria.


No penúltimo dia de 2009, quero refletir sobre a figura dessa mulher, cria do sistema midiático. Eu soube do episódio, da existência dela, através de amigos e de comunidades virtuais. Aí fui no youtube e vi tudo: o formato do programa que a desvendou (popular no mundo todo, diga-se de passagem); observei a edição que foi feita e o apelo emotivo através da música escolhida. Foi colacada ínicialmente ao ridículo pra depois emocionar o público que aplaudiu de pé. Como uma Fênix, renasceu. Feioza, velha (observei os risos da platéia inglesa...) e desengonçada, mostrou seu brilho musical, a prova da sua capacidade de não ser ridícula e transformou-se em pouco tempo, como que instantaneamente, em celebridade. Li que talvez fará show no Brasil. Ela se transformou em exemplo para muitas mulheres, conquistou um respeito próprio que parecia ter perdido. Mas fundamentalmente, do meu ponto de vista, esse episódio é prova do poder da internet, do alcance que a rede mundial de computadores pode ter. Quando tudo aconteceu eu sequer tinha televisão em casa, mas o rádio me avisou, a internet me instigou, as pessoas e a opinião pública não aceitavam que eu simplesmente ignorasse o caso. Não saber pode ser uma forma de exclusão, enfim. Susan Boyle funcionou em 2009 como um "tubo de ensaio" de uma experiência incrível de projeção midiática. Como mostra a vinda dela à Alemanha: a informação me alcançou, pareceu me perseguir e tornou-se impossível de não ser vista.
E o resultado foi uma apresentação sem graça no programa do Thomas (sim, eu me sentei em frente à TV para ver a mulher do youtube), bem menos emotiva do que foi sua estréia na televisão britânica. Foi rápida e sem conteúdo, como as coisas devem ser na fórmula proferida pelo sistema midíático.

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