sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Gedenkplatte

Quando se caminha por Berlin à pé, é possível perceber que em diversas partes da cidade, fincadas no chão da calçada, existem pequenas placas quadradas e douradas. Olhando mais de perto, percebe-se dados gravados, informando nome, data e local de nascimento e morte de alguma pessoa. São símbolos de uma história triste, mas que precisa ser lembrada. A comunidade judaica que desenvolveu esse projeto. Em frente às residências, casas ou apartamentos de Berlin onde moraram vítimas do Holocausto, foram afixadas essas plaquetinhas na calçada. Eu não caminho olhando pro chão, mas quando acontece de me deparar com uma plaquinha, eu páro pra ler e elevo o meu pensamento. Eis que aqui perto, há menos de 3 quadras de onde eu moro, residiu a judia, comunista e um pouco brasileira, Olga Benario.

Daí que me lembro bem: ainda no colegial li o livro do Fernando Morais e entrei pra faculdade de História admirada: Olga soube da epopéia da Coluna Prestes lá na URSS. A cena criada pelo autor, inesquecível: durante uma pausa nos treinamentos, no almoço, a moça conversou com os companheiros surpreendida com a marcha que percorria o Brasil. E assim me instiguei: que movimento era esse que causou admiração em alguém lá do outro lado do mundo?! Aí as coisas seguiram um curso que ainda não é possível explicar. Meu primeiro projeto de pesquisa foi sobre a participação feminina na Coluna Prestes. Depois no meu trabalho de mestrado segui o mesmo tema, mas ampliando, e tratei das práticas cotidianas na guerra de movimento, como foi classificada a Coluna Prestes. Em 2000 fiz uma disciplina na UFRJ com a professora Anita Leocádia Prestes, a filha da Olga com o "Cavaleiro da Esperança." Anos depois dei aula na mesma universidade como substituta dessa professora. Agora morando em Berlin, descobri que a mãe dela morou no bairro em que eu moro.
Nesse prédio aqui:


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