sábado, 19 de dezembro de 2009

Os turcos em Berlin

O processo de imigração turca na Alemanha ocidental é longo. A dona da padaria aqui da rua onde moro é filha de turcos e nasceu em Berlin. Também não usa o Kopftuch, o véu muçulmano na cabeça. A nora dela às vezes vem fazer limpeza aqui: trabalho informal, cobra 10 euros a hora. A maior parte do comércio do bairro é de propriedade de turcos, libaneses ou árabes. Na esquina tem uma loja de vestidos de noivas e mais umas 4 na mesma quadra. É comum aos sábados ouvir as carreatas fazendo buzinaço na rua, com os carros enfeitados: a comunidade é grande e os casamentos perpetuam tradições. Tem um doce de pistache divino na lojinha da esquina. No mercado turco, ao longo do canal em Kreuzberg, ouve-se os gritos das ofertas de frutas e legumes em bom (e incompreensível, pra mim) turco. Viajando, percebi que o fenômeno da imigração de pessoas do Oriente Médio ocorreu na parte ocidental do país. Não vi uma lojinha sequer vendendo Kebap na ilha de Rügen, que era território oriental antes da reunificação; mulheres de Kopftuch muito menos. Aliás, por falar em Kebap, a influência na culinária é fato e não tem coisa mais típica em Berlin do que o Kebap, a não ser o Würstchen com pão ou batata frita, maionese ou um molho especial com curry. Seria a nossa linguiça ou, em sua variação, a salsicha. Digamos que o kebap e o pão com würstchen estão no pário no que diz respeito à Berlin. Na minha terra natal o recheio do kebap ou döner, era chamado de churrasquinho grego: carne de carneiro prensada, que é colocada verticalmente num sistema de cozinhemento que gira. Complicado? Logo tiro uma foto e posto aqui. Por agora quero falar da importância dessa leva migratória pra Berlin. Por esse e outros inumeráveis motivos, a cidade tem essa cara cosmopolita e não é a toa que eles são maioria no bairro cujo nome quer dizer "Nova colônia". E o inusitado também está no fato de que boa parte dos moradores do bairro "Montanha da Cruz" sejam islâmicos. Na rua ou no metrô já observei, por volta das 6 da tarde muitas pessoas com aquela espécie de rosário sussurando algo como um mantra. Na época do Ramadan as padarias e comércio típicos ficam lotados depois das 6 ou 7 da noite, quando o jejum do dia acaba.
Essa foto foi tirada num domingo pelo meu amigo brasileiro Eric Chandoha no Mauer Park. Vimos as mulheres turcas com a mão na massa e depois nos deliciamos, claro...


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