quinta-feira, 1 de abril de 2010

A esquerda radical

São várias as organizações. De linha sindical às organizações de bairro. Jorge é filho de portugueses e se estabeleceu na França. Conheci a figura em Paris há dois anos, quando nos deu a chave do conjugado onde mora o amigo itlaiano, tradutor da United Nations que estava fora por uns dias. Os comunistas existem mesmo: tenho muitas provas. O Jorge  veio passar um tempo em Berlin com a esposa, Nadia e a filha de 6 anos: uma fofa. Lembro que foi na casa dele que bebi o famoso absinto pela primeira e única vez. O papo rolou noite à dentro no bairro onde tem travestis nas esquinas. Isso em Paris. Ele me contou causos sobre o presidente Charles de Gaule que a história pouco enfrenta. Como uma emboscada planejada por ele em 1961 quando mais de 300 pessoas morreram e foram lançadas no Sena na calada da noite. Ditaduras se instalando mundo a fora e a esquerda francesa não iria se calar em plena Guerra Fria. Pagaram um preço alto por isso. Aí ele me disse que tinha conhecido uma galeria aqui em Neukölln que leva o nome de uma comunista alemã que morou no Brasil. Ele não lembrava o nome e eu logo sugeri: Olga Benário Prestes? Sim, a própria. Ele me disse que há 2 semanas atrás um grupo da esquerda organizou um protesto silencioso no bairro. Disse que o evento foi criado em represália aos neo nazistas de Berlin, mais especificamente do sul de Neukölln, que em determinadas madrugadas fazem arruaça, jogam tinta e quebram janelas dos apartamentos das minorias. Adolescentes, enfim. Confesso que essa informação foi uma grande surpresa pra mim. No evento que ele participou, os manifestantes se encontram num bar que é o nicho da resistência e aí seguem pelas ruas, numa passeata silenciosa, param em frente aos prédios e realizam discursos e debates. Foi assim que ele conheceu a galeria Olga Benário. E eu fiz o resumo triste da trajetória dessa mulher. Jorge é mesmo uma figura. Há 15 anos foi  ao México participar de uma marcha do moviemento zapatista e conheceu o famoso comandante Marcos em Chiapas. Contou suas aventuras nas montanhas frias mexicanas à procura de pouso e alimento. Me "apresentou" o enigmático escritor B. Traven, de provável origem alemã que se estabeleceu em terras mexicanas. O jantar de domingo foi bastante acolhedor e intenso. A ponto de Annete, a filhinha de 6 anos adormecer no sofá e dormir profundamente. Eles voltaram pra casa à pé, no meio da madrugada com a menina nos braços.
Deixo aqui no blog imagem de um cartaz anarquista afixado numa parede no centro de Viena. Traduzindo do meu jeito: "Agora mesmo! Viver com sabotagem. Grupos anarquista e autonomo de Viena"

2 comentários:

  1. Muito Bom o BLOG Isabela. Vou acompanhar sempre; os comunistas umas poucas vezes contaram com a ajuda dos anarquistas, hoje eles são contra toda forma de Governo.

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  2. eu cheguei a me arrepiar com o post. e, engraçado!, os comunistas não comem criancinhas! (acho que minha avó acredita nesse tipo de figura de comunista, nunca foi muito com a cara de quem se dizia assim... mal sabe ela o que a neta discute na faculdade de história!)

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