sábado, 27 de março de 2010

Post como exercício: pensando nas influências políticas de Mathilde Anneke

Karl Marx foi obrigado a deixar a Alemanha pela primeira vez em 1843. As mudanças que se esperava com a ascenssão de Frederick William IV como rei da Prússia em 1840, foram frustradas. Tal rei, acreditava no direito divino de governar e rejeitou as sugestões de constituição prometidas por seu pai. Dizia que um pedaço de papel não poderia estar entre ele e seus súditos. Na época Marx estudava na Universidade de Berlin e por criticar o governo, foi perseguido pela censura e obrigadado a deixar a Prússia. Em Paris conheceu Heinrich Heine, poeta de língua afiada que ousou criticar Goethe. Heine era de família judia e viveu boa parte no exílio; recusou a cidadania francesa por amor a Alemanha. Mas não teve identidade consistente com nenhuma tendencia política; denunciou autores que se vendiam para o mercado e para o sistema existente. Era evidente que nos anos que antecederam à Revolução de 1848, a cultura tornou-se politizada: a produção em prosa e verso passou a ter forte conteúdos político e social, denunciando a pobreza no campo e a exploração dos trabalhadores.
Eis que no início de 1848, Karl Marx retorna à Alemanha se estabelecendo em Colônia, onde funda um jornal com Engels. Vinda de Münster e recém-casada com Fritz Anneke, Mathilde também se estabelece na cidade. A escritora e jornalista já era conhecida, também por ter publicado um artigo em defesa de Louise Astor, banida de Berlin em 1846 por manter um comportamento considerado inadequado a uma mulher. Então os destinos de Mathilde Anneke e Karl Marx se cruzaram. Liberais, republicanos, libertários, comunistas em gestação, enfim, as vozes que eram contrárias ao sistema político que ainda mantinha características absolutistas, se encontravam em Colônia. Tanto que foram lá as primeiras manifestações contra o governo prussuano iniciadas em 1848. Jornais foram fechados, pessoas foram presas, entre elas o marido de Mathilde. E ela tomou a frente da publicação e continuou na defesa dos seus ideais. Estava grávida de 7 meses nessa ocasião. O jornal foi censurado e fechado. Meses depois, em setembro, ela publicou apenas dois números do Frauen-Zeitung, antes de ser silenciada pelas autoridades. Defendeu o marido nas páginas dos jornais. Em dezembro Frtiz é libertado. Marx e Engels publicavam o Neue Rheinische Zeitung, algo como Novo Jornal do Reno e por conta da censura foram obrigados a fechar o jornal e deixar a Alemanha em maio de 1849. Enquanto Marx e Engels seguiram para Paris e depois para Londres, o casal Anneke seguiu em exílio para a Suiça e depois para os EUA.

Deixo uma foto minha no colo de Marx e Lebrão entre as pernas de Engels em Berlin:

     

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