Mais do que uma igreja protestante, o prédio funciona como memorial. A igreja foi construída no final do século XIX levando o nome do pai do rei, William, como uma homenagem. O prédio foi bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial e decidiu-se por não restaurá-lo e assim servir como lembrança daqueles anos. Uma nova torre, mais moderna, foi construída ao lado e o efeito dos mosaicos é surpreendente. A igreja fica no centro de Berlin ocidental, próximo ao mais importante centro comercial, onde fica o famoso KaDeWe, a loja de departamentos mais antiga da cidade, fundada em 1907 e que é um luxo só.
Gosto muito desse compromisso assumido pela cidade (e pelo país de um modo geral) com suas mazelas históricas. Encara as feridas de frente, numa metáfora de pouco bom gosto. Há quem diga que é exagero, que já existem monumentos suficientes. Lembro da polêmica sobre a construção do memorial judaico, próximo a Potsdamplatz e que sofreu críticas por estar disposto num terreno enorme e num lugar de valorização imobiliária. Também por isso muita gente diz que visitar Berlin é triste. Não posso discordar: aqui foi capital de um país nazista, regime cruel e desumano. Seu território foi dividido pelos vencedores de uma guerra insana, como num jogo de tabuleiro. Mais tarde seus cidadãos conviveram com um muro que separou a cidade, mas também familiares, amigos e amores. Jovens que tentaram atravessar essa barreira eram alvejados sem dó. Por tudo isso Berlin recebe um ar de tristeza. E a torre da igreja-memorial Rei William é mais um monumento da cidade que faz lembrar. Encarar suas dores históricas não é fácil e Berlin faz isso de forma aberta e quase espontânea, basta caminhar pela cidade.
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