As duas mulheres enfocadas no meu trabalho de pesquisa viveram a realidade da guerra civil. A família de Nísia Floresta mudou-se para várias cidades do nordeste do Brasil antes de se estabelecer em Porto Alegre em 1933. O pai era português e eram tempos de conflitos em Pernambuco (1817) e da Confederação do Equador de 1824, quando o alvo eram os portugueses na onda de movimentos independentes na América Latina. Advogado, foi assassinato numa emboscada em Olinda, quando Nísia tinha 18 anos. Dois anos depois de ter se estabelecido no sul do país, a Revolução Farropilha obrigada novamente à mudança. Desta vez para o Rio de Janeiro, já viúva, era chefe de uma família composta por mulheres e crianças. Uma vida guiada pelas guerras no hemisfério sul. Do outro lado do mundo, outra vida guiada pela realidade da guerra. A alemã Mathilde Anneke, após participar da Revolução de 1848 ao lado do marido, foi exilada política nos EUA. Lá escreve ativamente nos jornais e faz palestras públicas, atividade que no século XIX praticamente acabou. Com a guerra civil nos EUA (1861-1865), ela novamente cruza o Atlântico (eram mais de 2 meses de viagem de navio...) e se estabelece na Suiça por 5 anos, até quando a guerra acabou, voltando para a América. Mulheres mães, viram alguns filhos mortos e pareciam ter um sentido de família diferente do que era normatizado: casaram cedo por arranjo, mas contestaram essa condição e abandonaram o primeiro matrimônio, atitude escandalosa para uma mulher de elite em qualquer lugar do mundo no século XIX. Escolheram seus amores e com eles criaram uma família.
Mulheres que admiro pela biografia, que persigo pelos livros e contextualizo as vidas... sobre as quais devo escrever ali na outra janela. Os prazos apertam...
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