Eu liguei de Maringá para Berlin dando a triste notícia da morte do meu pai. A reação foi de tristeza e lágrimas, mas também ouvi, depois de relatar sobre o enterro: "Mas já?" Tal reação expressa os procedimentos funerários existentes aqui na Alemanha. Quando uma pessoa morre, o corpo fica dias congelado (o período pode variar, podendo chegar até um mês!). Isso por conta de procedimentos burocráticos também. É comum a opção de cremar. A missa ou o culto acontece nas igrejas, sem a presença do corpo e antes do enterro propriamente dito. Dias depois, normalmente 3 dias, num lugar no cemitério, as pessoas rezam, o caixão permanece fechado e logo é realizado o enterro. Em alguns lugares as mulheres usam vestimentas antigas e típicas, simbolizando a "passagem." Outra informação instigante sobre questões religiosas alemãs, é sobre o pagamento de impostos. Quando uma pessoa adulta possui uma religião, está ligada a alguma instituição religosa, ela é obrigada a pagar um imposto específico por isso. E para que isso não aconteça, a pessoa tem que, oficialmente, desligar-se a tal religião. Através do preenchimento de um formulário específico. Eu costumo dizer que essa é uma semelhança entre minha terra natal e a Alemanha: a burocracia, com o diferencial de que no Brasil a lógica me parece um pouco mais absurda e que aqui as dificuldades de burlá-la é maior, quase, impossível.
Estou de volta à rotina e gostaria de assistir um culto na igreja evangélica daqui de Berlin, dia 19, quando faz um mês que meu pai desencarnou. O movimento todo, a correria que foi minha ida ao Brasil, foi bem dolorido, mas tive tempo de encontrar meu pai em vida. Quando vi o céu de cima, pedi que ele me esperasse chegar. Ele soube da minha ida, me reconheceu no hospital. Sensível e ainda dolorida, retomo a pesquisa e o cotidiano com casaco pesado e neve. A temperatura em Berlin está abaixo de zero...
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