Hoje quero escrever sobre uma particularidade de Berlin. A liberdade que as pessoas têm de expor sua opção sexual, sem receio. É claro que isso é um aspecto das grandes cidades, São Paulo não é diferente, por exemplo. Mas Berlin é especial por um detalhe que faz toda a diferença: o prefeito, aqui chamado de Burgermeister (algo como mestre da cidade) é homossexual. Klaus Wowereit é do Partido social democrata (SPD) e elegeu-se pela primeira vez em 2001, sendo reeleito em 2006. Foi muito legal notar que na semana da parada gay, a praça da prefeitura de Neukölln amanheceu repleta de bandeiras do arco-íris.
O prefeito gay é popularmente conhecido com Wowi. Ás vésperas da eleição de 2001, o então candidato proferiu a frase expressando seu orgulho gay: "Ich bin schwul und das ist auch gut so!" (algo como "Eu sou gay e isso é também bom!")
Para não ficar nesse único exemplo, posso dizer que a segunda personalidade política mais importante da Alemanha, também é gay. Guido Westerwelle é ministro das relações exteriores e segundo chanceler da Alemanha desde outubro último. Notei que a capa de um tablóide após as eleições de 2009, trazia a foto dele na capa, ao lado do companheiro e a frase: "Esse homem é que me dá força!" Sua homosexualidade não foi alvo de exploração política ou coisa assim, como aconteceu com Wowi. Talvez o intervalo de 8 anos entre a eleição de um e outro, tenha feito alguma diferença, afinal, a opção sexual de um candidato não deve nunca ser assunto que faça diferença.
Berlin é uma cidade-estado (assim como Bremen e Hamburgo, cujo prefeito também é homosexual) e aqui o casamento civil gay é legítimo. Eu conheço diversos casais. Vejo constantemente pessoas do mesmo sexo de mãos dadas ou se beijando em locais públicos. Uma outra evidência da liberdade (e de certo modo tolerância) de se assumir o que se é, eu observei em alguns programas de TV. Em um deles, em formato tipo show do milhão, em que os convidados são rapidamente entrevistados antes de iniciar a bateria de perguntas, uma mulher de meia idade apontou sua companheira no auditório, que torceu o tempo todo. Num outro, filmavam um piquenique em que um casal de lésbicas com as filhas, trocavam carinhos de cumplicidade sob a mira das câmeras. Eu penso que tudo isso reflete o quando a sociedade alemã está anos-luz adiantada em termos de respeito às liberdades individuais, em especial à opção sexual, quando se compara com a brasileira. Quando autores de novela sugerem relacionamentos homosexuais em suas tramas, os conservadores de plantão se alarmam. Assuntos como esse, são tabu no Brasil, assim como o aborto, que foi legalizado aqui no início dos anos 1970.
Deixo uma foto de um cartaz divulgando uma festa de Natal gay em Berlin.
Isabela, suas impressões sobre a vida sempre me fascinam... sim, ser gay não é algo ruim e SP, pelo visto, não está longe mesmo. O primeiro dia de meu retorno da europa em 2009, sintomaticamente, era o início de um festival de cinema internacional. Muita gente descolada e linda. Pessoas se beijando na Paulista que mais parecia a Ranbla, de tantos seres que iam e vinham. Na Augusta, um fervo diferente, mais tranquilo sem perder sua identidade. Mas aqui ainda nos falta a legalidade, pois somos "ilegais" "imorais" "doentes", pode!! Espero mesmo poder viver a liberdade de minha sexualidade sem medo, sem drama. VIVA BERLIM!
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